Cecília Benevides de Carvalho Meireles foi uma grande
poetisa do século XX, nasceu em 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro.
Perdeu a família muito cedo e por conta disso, morou na chácara de sua avó
durante sua infância. Foi professora, poetisa, jornalista e cronista
brasileira. Formou-se professora e lançou seu primeiro livro, “Espectro”, em
1919. Marcou a 2° fase do modernismo, seguindo uma linha mais tradicional e
intimista, também fortemente influenciada pelo simbolismo, com poesias líricas,
místicas, e ligadas à musicalidade.
Casou-se em 1922 e teve três filhas com o
pintor Fernando Correia Dias. Sempre ligada a educação e folclore, Cecília
organizou, em 1934, a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro.
Cecília
falece em 1964, deixando sua marca na literatura brasileira, como uma das mais
brilhantes escritoras, inspirando jovens e adultos até hoje com suas poesias.
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
por Dominyke M.
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