Trilha Sonora: Fade to Black
Episódio 8 - DIREÇÃO PERIGOSA
O vento daquela noite estava mais
gelado, as ruas estavam movimentadas, já era madrugada, pude observar ao longe
um grupo de meninas, jovens, as roupas entregavam por qual motivo estavam ali,
sentei em um banco ainda um pouco distante do grupo e as observei por um longo
período de tempo, tentei imaginar o que deveria acontecer na vida delas para
seguirem tal caminho.
Um carro para em frente as meninas, elas quase brigam
para decidir quem tomará o assento de carona do carro, até que decidem deixar
uma menina loira, ela era baixa, não possuía muitas curvas, olhando dessa
distância podia dizer que ela tem entre 12 e 15 anos, pobre menina, ela sorria
pela conquista, mas posso ter certeza que por dentro sua alma chora, chora como
uma criança que perdeu suas bonecas, que vende seu próprio corpo em troca de
uma pequena quantia por noite.
Quem seria aquele cara? Será que ele seria capaz
de fazer algum tipo de maldade com ela? Ele pode ter filhos, filhos até com a
idade da pobre menina. Só de imaginar que esse homem poderia ser como aquele
... aquele, uff, uma onda de ódio me enrijece. Ele poderia ser um homem casado
procurando por um pouco de diversão, isso me causa ódio. Bom se ele está
procurando por diversão ele acabou de encontrar.
Aguardo imóvel no banco, atenta aos
carros que passam e param. Não estava com nenhum relógio, mas acredito que já
tenham se passado pelo menos 2 horas. Havia uma farmácia a alguns metros, andei
até lá em busca de materiais. Luvas, esparadrapo, preservativos e balas de menta.
Volto até o banco e o carro retorna trazendo a menina meio assustada, mas
conformada, enquanto ele ria. O carro entra novamente em movimento, ando em
direção à rua, com olhar fixo apenas escuto algumas buzinas e xingamentos,
parei em frente ao carro, ele freia bruscamente, põe o corpo para fora da
janela do carro.
– Vi que você levou a menina para um passeio,
acho que deveria brincar com alguém do seu tamanho. – Me desloquei até a porta
do carona, ele abriu o vidro, debrucei na janela. – O que você acha?
– Então a piranha quer um pouco de diversão?
– Ele riu e abriu a porta. Entrei e analisei seu carro por dentro. Não parecia
haver nenhuma prova que o incriminasse, mas eu sinto que devo fazer isso. Mantenho minhas mãos sobre
minhas pernas, e o encaro. – E quanto será o seu serviço?
– Essa noite você foi escolhido, por conta da
casa. – Olho nos olhos dele, e solto uma risada, ele pareceu não entender muito
bem, mas também riu. – Olho que estamos indo por uma estrada completamente
vazia, e escura. Não havia casas, nem comércio, era, simplesmente, uma estrada
no meio do nada. Tive uma ideia. – Por que não paramos por aqui? – abro um
sorriso malicioso enquanto me aproximo e acaricio seu rosto com meus lábios e
sussurro em seu ouvido. – Vamos brincar aqui mesmo, não aguento mais esperar.
Ele faz uma curva bem violenta e freia
bruscamente, parando no acostamento, ele avança para me beijar.
– Ei, calma. Não quero ser pega, vá olhar se
não há ninguém perto daqueles arbustos. – Ele faz cara de entediado, mas não
contesta. É o tempo que eu tenho, coloquei minha bolsa atrás do banco, tirei a
faca da bolsa e a coloquei sobre a bolsa. Ele volta para o carro.
– Pronto, não há ninguém podemos continuar. –
Ele me agarra bruscamente e tenta me beijar, o empurro com uma das mãos em
direção ao banco e faço sinal para que ele abra as calças, me abaixo
lentamente, e ele está tão concentrado no que eu estou indo fazer, posso ver a
ansiedade em seus olhos. –
Anda, vadia! – Ele ordenou, não tive como desacatá-lo, minha mão escorrega para
trás do banco, então agarro a faca e perfuro sua nuca exposta entre o banco e o
apoio. Afasto-me rapidamente e observo o sangue escorrer pela sua boca, puxei a
faca e seu rosto desfalecido virou em minha direção, o ódio toma conta do meu
corpo.
– Eu já disse que não gosto quando me olham!
– Grito enquanto golpeio seus olhos com a faca, por fim arranco-lhe as mãos.
Largo meu corpo e deixo-o cair sobre o banco, fecho meus olhos e apenas me concentro
no cheiro de sangue fresco, respiro fundo e a paz novamente me invade.
Recolho minhas coisas ponho as luvas,
esvazio sua carteira e saio do carro. Provavelmente vão pensar que foi um
assalto, deixei as portas e a mala do carro abertas e vou vagando pela estrada
deserta e escura, ando por horas até encontrar um hotel de beira de estrada. Na
recepção há uma jovem loira, muito bonita, seus olhos azuis e seu cabelo
comprido combinavam perfeitamente sua pele branca e suas bochechas rosadas, ela
me olhou gentilmente e sorriu.
– Boa noite senhora. Posso ajudar? – Seu
sorriso era irritantemente belo. A recepção era uma sala pequena e logo o
cheiro de sangue começou a exalar. Só pus as mãos na testa e pedi por um
quarto. – Aconteceu algo senhora? – Ela tentou se aproximar.
– Está tudo bem, só tive um dia cansativo. –
Ela me entrega a chave, tomo-lhe rapidamente de seus dedos, seus olhos
angelicais estavam me encarando de forma assustada. Não me importei, apenas
segui em direção ao quarto.
O hotel era meio velho, seu corredor
mal iluminado estava vazio, ouço de fundo uma televisão ligada, algum casal
transando, um rádio chiando, uma criança chorando, e passos. Finalmente estou
de frente para a porta. – Quarto 17. – Vejo a jovem moça parada no fim do
corredor, ela ameaça a dar um passo em direção ao corredor, mas hesita, senti
meus lábios enrijecendo, abaixei a cabeça, entrei no quarto e tranquei a porta.
Despejei todos os itens da minha bolsa em cima da cama, a faca com sangue bem fresco,
encharcou o pequeno lenço que a envolvia, e o cheiro me deixava tonta, trouxe o
pano em direção ao meu nariz e respirei fundo, deixei que perfume penetrasse
meu corpo e simplesmente tomasse conta de meus pulmões, fui tomada por uma onda
de prazer, de repente, eu estava tonta, aquele odor, aquela cor, eu decidi
provar de teu sabor, e como um vampiro sedento e me senti viva.
Miro meu rosto no
espelho, olhar medonho, cabelos desgrenhados sobre o rosto, uma faca na mão
esquerda, e a face suja de sangue, aquela é a menina que foi morta na infância
e resolveu se vingar. Prazer, eu sou a nova Victória. É assim que quero ser
vista por todos.
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