Tudo ainda continua aqui
Por: Tânelly Neriah
Quando nos perdemos, retornar pra casa talvez foi meu mais difícil papel. Voltar pra um lugar imerso em memórias, cheiros, conversas, pedaços fragmentados de uma vida.
Os cômodos da casa ecoavam sua presença e com um pequeno esforço talvez eu conseguisse te ver na sala, em sua posição rotineira e despretensiosa assistindo ao jornal. Eu não sei onde nos perdemos, te juro, mas de uma coisa eu tenho certeza, não foi fácil, doía e eu simplesmente não tinha domínio.
Por mais que minha mente tentasse, em vão, o esforço que eu fazia para te esquecer tornava-se a vontade de lembrar. E de tantas ruas das quais andei, desvairada, sem rumo, tentando inutilmente nos encontrar, pensei em como levaria minha vida adiante...
O que eu chamo de um grande 'hiato' se fez. Hoje em dia entendo que foi necessário, eu precisava me encontrar, estabilizar, voltar a si depois de todo esse vendaval. Passada a tempestade voltei a acordar com o pé direito, a me desejar um bom dia e a tê-lo, a realizar mais de tudo que eu achava pouco provável, sim, era possível...sempre foi. O que estava adormecido retorna, o que um dia foi unido por amor jamais acaba.
Eu sabia que o coração ditaria minha rota, naveguei e sosseguei. O amor deve ser paciente e bondoso, o amor deve ser sempre sincero.
Texto em homenagem aos meus pais, que em meio a tantas tempestades conseguiram realinhar seus barcos.
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