Conrado Franconalli em 22 de fevereiro de 2017.
Olhava pras pessoas como se isso fosse o salvar
Sem piscar, sem desviar o olhar, e sempre calado
Esperava uma distração qualquer, só aguardava,
Pra roubar, enquanto o futebol rolava, a blusa dos lesados
Sabia o que era certo, incluindo os pontos e as vírgulas,
E, justamente por isso, fazia o que era profano e errado
De alguma maneira, irritar a normalidade o agradava.
Havia pedras no caminho e machados nas mãos...
Mas preferia a dor duma exaustiva preparação, mais que tudo, a doce desilusão.
Sentiu o quanto era péssimo em terminar parágrafos
Confuso, tudo isso, era. Sabia qual era o fim de tudo.
Depois de escolher seus alvos, bastava atirar e insistir,
Bastavam algumas pedras no alto dos alheios muros
Que os frutos furtados cairiam como as gotas da chuva
De súbito indecisas, de repente, meio... Tão diminutas
Sei lá... Importava apenas a rima. De resto, o descompasso.
Sentia viva toda ferida, chaga e corte no seu coração...
Mas preferia a dor duma exaustiva preparação, mais que tudo, a doce desilusão.
Fingia ser egoísta... Fingia ser diplomata... Fingia ser o que não era.
Quem dera, fingisse ser honesto e devolvesse as blusas roubadas.
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