Poema Original de: Anderson Rodrigues
“Às vezes eu me pergunto quanto vale a vida.
A vida vale um sorriso, um abraço? A vida vale
o dinheiro ganho no mês? A vida se vale na ponta da arma da justiça?
A vida vale apenas dentro da igreja, ou no
momento da partida? Eu me pergunto isso constantemente. Às vezes consigo
resposta, as vezes não. O interessante, é que a vida parece não ter preço,
certo?
Para quem você deu bom dia, retribuiu um
sorriso? Cumprimentou com um simples gesto? A correria de hoje em dia está nos
cegando e nem percebemos isso. Alguns já nasceram cegos, mas não se importam
com isso, o que vale é o processo de sua fabrica de ganhos. Eu tenho medo do
futuro.
Esse poema é sobre mim, sobre você. Para todos
nós. Ao menos, para aqueles que se perguntam sobre o real valor daquilo que
realmente importa.”
1
Do vento seco que leva a dor
Eu me faço presente.
Talvez devesse ser o que sonhasse,
Talvez eu devesse fazer brotar a verdade, mas
a verdade está ausente.
Observo multidões em pontos de ônibus querendo
soluções
Para suas vidas. Idas e vindas do mesmo lugar,
O mesmo céu é para todos, mas nem todos
aproveitam.
O mundo já teve sanidade, enquanto ninguém
quis aproveitar,
A mentira se fez verdade, e o poder virou
consequência.
Ausente eu me vejo das pessoas que um dia
amei. Nem sempre as consequências são ternas, nem sempre a violência é injusta.
Somos cavalheiros cansados do combate,
O ar quente que nos envelhece a cada dia
Com nossa velha cruz, para que possamos ter
vivido o máximo possível;
Eu canto para os quatro cantos do meu quarto,
onde ninguém poderá me calar, o palanque onde durmo está frio. A noite quente;
meus dedos estão dormentes e minha mente está devagar. Divagando pelo mundo
afora, a hora da verdade já passou, nossas armas estão nas ruas, a escuridão na
alma me amedronta.
O homem por si só é tolo, fraco. O homem
jamais esteve por cima. O homem é o medo da derrota, a escuridão do planeta. O
demônio da injustiça e da maldade.
Jamais tivestes tentado a razão. A
consequência da imprudência do aprendizado é arrogância. O ponto fraco do amor
é o vicio; a forma impura que tratamos nossos sonhos torna o rio raso e a agua
escura. O fedor da alma que vem dos outros corrompem o cheiro das rosas. O
mundo está morrendo e ninguém percebe por estarem ocupados demais em seus
vícios.
A perfeição choca com o horror que o mundo
está se tornando em meio ao caos. Ninguém é igual a ninguém, ninguém é superior
a ninguém. Mas tentamos sempre nos mostrar melhores. A justiça é para todos. A
verdade é para todos. O buraco é para todos. Ninguém está livre desse fim;
Me encontro no meio das feridas que causei e
que me causaram, desarmado e aos prantos a terra vai minguando e tentando
defender o seu direito. Dos sábios tenho medo, pois são tolos detentores da
razão. O aprendizado é diário, e o que sabemos hoje, no dia seguinte já terá
novidade – me vejo alheio ao resto do mundo, e o mundo se vê alheio aos que
procuram aprender. O mundo se cansa de pessoas que não cessam;
Da janela vejo o mesmo tom repetitivo, as
pessoas seguindo de cabeças baixas para seus dias. Alguns se livrando das
cobranças, outros tentando viver da injustiça. Alguns lutando contra a própria
necessidade de pão, mas tendo que ceder seu alimento para o filho. O mundo
algum dia foi justo? Eis a questão.
Estamos todos juntos, e teremos o mesmo final.
Mas nem todos se importam, afinal, o que vale é o que sinto, o que penso e o
que vejo.
O sol já foi realmente para todos?
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